É hora de repensarmos o uso de stands de vendas
- 05/11/2024
- Postado por: Marco Antonio Portugal
- Categoria: Cidades
A prática de construir stands de vendas temporários para empreendimentos imobiliários é uma tradição que há muito vem acompanhando o mercado. No entanto, em um momento em que a sustentabilidade se torna não apenas uma tendência, mas uma necessidade global, essa prática, quando mal planejada, se mostra insustentável. A construção de stands específicos para um único projeto e sua subsequente demolição não apenas representa desperdício de recursos, como também contribui para a geração de resíduos e emissão de carbono.
Repensar essa lógica e buscar alternativas, como o uso de showrooms permanentes, stands modulares e até soluções virtuais, não só alinha o setor com as melhores práticas ambientais, mas também reflete uma responsabilidade social que é cada vez mais valorizada pelos consumidores. É chegada a hora de provocar o mercado a abandonar essa prática ultrapassada e abraçar soluções mais eficientes e ambientalmente corretas.
O desperdício e geração de entulho dos stands de vendas
Um dos maiores problemas com stands de vendas temporários é o desperdício de recursos, incluindo materiais de construção, energia e mão de obra. Geralmente construídos com rapidez e visando a um ciclo de vida curto, esses stands não possuem a durabilidade e a qualidade de um prédio que foi pensado para permanecer. Assim que o empreendimento imobiliário é vendido ou o período de exibição termina, a estrutura frequentemente é demolida, transformando-se em entulho e deixando para trás os custos tanto de descarte quanto de transporte dos materiais descartados.
Esse cenário se agrava ao considerarmos a quantidade de recursos que são desperdiçados nesse processo. De acordo com dados da construção civil, um stand de vendas médio gera toneladas de resíduos que acabam em aterros, exigindo ainda a emissão de CO₂ para o transporte e a compactação desses detritos. Esse volume de descarte não contribui em nada para a sociedade, sendo apenas um subproduto da cultura do “uso único”, que vai na contramão dos esforços globais para a economia circular e a minimização dos resíduos. Portanto, repensar o uso desses stands temporários é uma maneira direta de reduzir o impacto ambiental do setor imobiliário.
Alternativas sustentáveis: showrooms permanentes e stands modulares
Para mitigar esses impactos, é imperativo que o setor imobiliário considere soluções alternativas para a apresentação de seus empreendimentos. Uma alternativa promissora são os showrooms permanentes, estruturas fixas e pensadas para servir a múltiplos empreendimentos. Essa abordagem elimina a necessidade de demolições frequentes e ainda oferece um espaço de venda mais robusto, que pode ser adaptado e renovado ao longo do tempo. Showrooms fixos podem ser projetados com recursos sustentáveis, como energia solar, sistemas de reaproveitamento de água e tecnologias de construção modular, tornando-se uma vitrine não apenas para o imóvel, mas também para os compromissos ambientais, sociais e de governança (ASG) dos empreendores.
Outra solução eficaz é o emprego de stands modulares, construções desmontáveis e reaproveitáveis que podem ser transportadas e remontadas em diferentes locais. Estes stands são compostos por partes que se encaixam, permitindo que sejam adaptados para diferentes tamanhos e formatos de terreno, e podem ser utilizados em múltiplos empreendimentos. A modularidade garante que, ao final do período de uso, o stand não se torne lixo, mas sim um recurso para um próximo projeto. Essa flexibilidade e reutilização dos materiais alinha-se diretamente com os princípios de sustentabilidade, oferecendo ao setor uma alternativa prática e economicamente vantajosa.
A imagem da sustentabilidade: um diferencial de mercado
Atualmente, consumidores e investidores têm um olhar crítico em relação ao impacto ambiental de qualquer empreendimento. Optar por soluções sustentáveis não é mais apenas um diferencial competitivo, mas uma exigência de uma sociedade que busca responsabilidade ambiental e ética nas empresas. Empreendimentos imobiliários que eliminam o uso de stands temporários em favor de alternativas sustentáveis não só contribuem para o meio ambiente, mas também fortalecem sua imagem e atraem consumidores que valorizam práticas ecológicas.
Investir em práticas sustentáveis agrega valor à marca e constrói uma imagem positiva para o empreendimento, algo que tem impacto direto nas vendas e na percepção do público. Ao adotar showrooms permanentes ou stands modulares, as empresas demonstram um compromisso genuíno com o meio ambiente, contribuindo para a construção de uma sociedade mais consciente e responsável. Esse diferencial, cada vez mais, influencia as decisões de compra de clientes que se preocupam com a sustentabilidade e que valorizam empresas comprometidas com o futuro do planeta.
Custo-benefício das soluções sustentáveis
Ao primeiro olhar, pode parecer que stands de vendas temporários são uma opção obrigatória, diante do paradigma imposto pelo mercado. No entanto, quando se considera o custo de demolição, transporte de entulho e descarte dos resíduos, essa visão se torna equivocada. Estruturas permanentes ou modulares, embora possam requerer um investimento inicial mais alto, apresentam um custo-benefício melhor ao longo do tempo, com reduções significativas nos gastos com demolição, transporte de materiais e descarte de resíduos.
Além disso, showrooms permanentes e stands modulares podem ser reutilizados em empreendimentos futuros, diluindo o investimento inicial em várias operações e reduzindo o custo por uso. A longo prazo, essas alternativas geram economias substanciais, ao mesmo tempo em que evitam desperdícios e promovem práticas de construção sustentável. Em um setor em que a redução de custos e a eficiência operacional são metas constantes, adotar essas práticas pode representar uma vantagem competitiva tanto no aspecto econômico quanto no ambiental.
O papel do setor imobiliário na sustentabilidade
O setor imobiliário ocupa uma posição estratégica na economia e na sociedade. Isso implica em uma responsabilidade fundamental na promoção da sustentabilidade. Ao adotar práticas que priorizam o reaproveitamento de materiais e reduzem a geração de resíduos, as empresas do setor mostram-se dispostas a contribuir de forma positiva para o meio ambiente e a sociedade como um todo. Abandonar o uso de stands de vendas temporários é uma mudança que pode parecer simples, mas que, em larga escala, trará impactos significativos para o futuro do setor e do planeta.
Essa transformação exige que as empresas reavaliem suas práticas e estejam dispostas a investir em soluções de longo prazo, que reduzam não só o impacto ambiental, mas também a pegada de carbono de suas operações. A sustentabilidade não é mais uma escolha ou uma tendência passageira; é um imperativo. Portanto, o momento de agir é agora, e cabe ao setor imobiliário liderar o caminho para um futuro mais sustentável.